Tenho acompanhado com atenção notícias na imprensa e post em redes sociais, alguns exaltando, outros deplorando a tomada do poder pelos militares em 1964. Um aspecto da questão me parece que não está sendo debatido e nem levado em consideração.
A Revolução de 64, que alguns estão chamando erroneamente de Contra-Revolução, na realidade foi um regime de esquerda, estatal e anti-democrático.
Sei que muitos militares e muitos esquerdistas estão me abominando pela minha afirmação. Peço apenas que leia meu artigo até o fim antes de me deblaterar pelo que vou expor.
A Cúpula da Revolução de 64 sabia muito bem onde queria chegar. A Cúpula do Comunismo Internacional também sabia e colaborou com o regime militar.
Esta grande mentira: “a Revolução de 64 foi um movimento direitista” ainda hoje corre na boca de muita gente e tem produzido um volume de informações, sempre falsas, digno de nota. Considero a maior e mais bem montada “Guerra Psicológica” já havida na história (excluindo-se apenas a grande guerra psicológica que antecedeu a Revolução Francesa).
Militares, acostumados a obedecer, seguiram seus superiores, que por sua vez obedeciam à Cúpula da Revolução. Os terroristas, também acostumados a obedecer ordens e incapazes de raciocinar com a própria cabeça, promoviam desordens, assaltos, mortes, sequestros.
A base militar e a base terrorista, sem o saber, trabalhavam juntas para legitimar o “Janguismo sem o Jango”, como bem explicitou o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira bem no início da Revolução de 64, em manifesto publicado nos maiores jornais do Brasil à época.
Voltemos no tempo… A década de 60 foi uma das mais agitadas politicamente. No mundo o comunismo avançava e rugia, aproveitando o fim da Segunda Guerra Mundial e o prestigio que recebeu com a derrota do Nazismo (seu parceiro algumas décadas antes). No Brasil não era diferente. As teorias comunistas e socialistas fumegavam nos ambientes políticos. Movimentos dirigidos politicamente para por fogo no Brasil anunciavam uma Reforma Agrária a ferro e fogo.
O povo, este sempre cordial e trabalhador, não queria saber de comunismo nem de socialismo. Este mesmo povo começou a organizar manifestações contrárias as ações socialistas e comunistas da liderança politica. Enquanto no campo partidos nanicos como o PCB punha fogo e destruía fazendas e propriedades rurais, nas grandes cidades grupos independentes liderados principalmente por mulheres católicas mineiras e paulistas começavam a reação.
Eis um trecho de notícia publicada pela Folha de S. Paulo no dia 20 de março de 1964: Nas escadarias da catedral, sucederam-se os oradores. Às 18h50, a massa humana chegara à praça da Sé. E encontrou-a ocupada por multidão que acenava com lenços e bandeirolas. O senador padre Calazans ocupara o microfone antes da chegada dos manifestantes e voltou a discursar, após o primeiro orador – sr. Amaro Cesar – ter discorrido sobre os objetivos da “Marcha”. Disse o reverendo: “Hoje é o dia de São José, padroeiro da família, o nosso padroeiro. Fidel Castro é o padroeiro de Brizola. É o padroeiro de Jango. É o padroeiro dos comunistas. Nós somos o povo. Não somos do comício da Guanabara, estipendiado pela corrupção. Aqui estão mais de 500 mil pessoas para dizer ao presidente da Republica que o Brasil quer a democracia, e não o tiranismo vermelho. Vivemos a hora altamente ecumênica da Constituição. E aqui está a resposta ao plebiscito da Guanabara: Não! Não! Não!”. As palavras finais do senador foram acompanhadas em uníssono pelos presentes. Depois, o pe. Calazans lembrou que “aqui estamos sem tanques de guerra, sem metralhadoras. Estamos com nossa alma e com nossa arma, a Constituição”.
Pouco antes surgira a União Cívica Feminina e dela brotou a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade“. Este movimento crescia a passos vigorosos como uma manifestação contrária ao comunismo e ao socialismo que a classe política queria impor ao Brasil..
ESTE MOVIMENTO POPULAR FOI ABORTADO PELA REVOLUÇÃO DE 64!
Antes que as mulheres paulistas e mineiras católicas e de terço na mão tomassem elas mesmas o poder e passassem a governar o Brasil, os militares tomaram o poder político em Brasilia.
O povo admirava a classe militar e sentiu que seus desejos estavam sendo atendidos e festejou o anúncio do golpe. As mulheres brasileiras acompanhavam pelo rádio e manifestaram alegria quando foi anunciado o início de uma nova era. Morria assim, no nascedouro, o Brasil verdadeiro, e nascia para a luz da história o Regime de Ditadura Militar.
As sequências dos atos praticados pelo governo militar oriundo do Golpe de 64 prova que suas intenções eram comunistas. A Reforma Agrária desejada pela esquerda de todos os matizes foi um dos primeiros decretos do governo. O “Estatuto da Terra” foi uma das leis mais radicalmente comunista já implantada no Brasil. Mais radical do que qualquer outro projeto ou lei de reforma do ambiente agrário brasileiro. Seguiram-se estatizações de empresas privadas, bem ao gosto dos fundamentalistas esquerdistas de todos os matizes.
E assim, aos poucos, o Brasil foi sendo direcionado para a esquerda.
Como eu disse antes, para legitimar este regime, foi organizada uma reação comunista com sequestros, assaltos, assassinatos. Aqueles que participaram de guerrilha armada foi efetuada a prisão, mas a intelectualidade foi direcionada para exílios, a custa do governo militar brasileiro, para França, Rússia, Estados Unidos, Chile, etc, e voltaram quando a abertura foi oficializada. Essa intelectualidade hoje é bem conhecida: José Serra, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Gaveira, Cristovão Buarque, José Dirceu, Betinho e seus irmãos.
Portanto, 31 de março passa para a história como o dia da grande mentira. E os prejudicados com isso foram os militares que pensavam que defendiam um regime anticomunista, os esquerdistas que foram jogados na guerrilha por seus chefes, o povo católico que acreditou que o governo do golpe iria respeitar a Constituição e a Religião, e o Brasil que foi ludibriado! No golpe de 64 nascia o Brasil do PT!